Quem assume sua verdade age de acordo com os valores da vida, mesmo enfrentando o preconceito e pagando o preço de ser diferente, passa credibilidade, obtem respeito e se realiza. |
Os olhares, pois bem, está aí algo que me aterrorizou durante um bom tempo nessa vida sobre rodas, era extremamente irritante ver as pessoas me encarando por onde eu passava, me sentia um próprio extraterrestre, passear em supermercados e centro da cidade era um horror, eu realmente tinha a sensação de querer me esconder, sem contar que eu era muito mais tímida do que hoje.
Atualmente
refletindo, vejo que naquela época, o que me incomodava era principalmente o
fato de as pessoas se surpreenderem e me olharem de forma diferente, mas o
problema também era eu ter que ser a garota
diferente e como consequência disso ter que encarar aqueles olhares. Mas como
tudo é questão de tempo, aos poucos fui me libertando daquele paradigma e
percebo que essa libertação só foi adquirida quando também aprendi a me adaptar
as situações, afinal, claro que o mundo precisa se adaptar com as nossas
diferentes condições, porém, também temos que fazer a nossa parte sendo
adaptáveis.
Eu
acho que pra me curar do "terrível temor dos olhares" eu precisei
aceitar antes de tudo a minha condição como cadeirante, tive que buscar a minha
vida dentro daquelas condições e testar minhas capacidades e o meu potencial e
foi através desses testes dia-a-dia, diante de cada obstáculo, que eu passei a
aceitar muito bem o fato de ser diferente, e hoje posso dizer com clareza que
não vejo mais isso como algo ruim, pode parecer estranho, mas, acho que eu até
peguei gosto por essa coisa de ser diferente e chamar atenção, aliás, isso se
tornou mais de uma de minhas ferramentas da vida pra alcançar meus objetivos e
levantar bandeiras, o próprio blog é exemplo disso. Como eu sempre costumo
dizer a cadeira de rodas foi e tem sido um grande ensinamento pra mim.
E
se querem saber, hoje eu até gosto de ser a garota da cadeira motorizada, é
interessante ver as pessoas tendo reações quando passo, chego a brincar com
meus amigos dizendo que quando isso acontece faço de conta que sou a versão negra da modelo Gisele Bündchen e é por isso que todos estão olhando. Hehe
Impactos
são naturais na vida, não é todo mundo que convive com um cadeirante, talvez
tenham uma reação diferente ao ver um na balada, por exemplo, naquele momento
pode sim ser incomum para aquela pessoa. Preconceito? Não! Apenas uma nova
impressão, isso acontece, preconceito é quando as pessoas começam rejeitar
essas novas impressões, ou seja, não querer ter contato com o novo.
Achar
diferente é uma coisa, não querer conviver com as diferenças é algo bem
diferente e que, aliás, tem cura!
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